ROMA - A vida privada do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, voltou ao centro das atenções na segunda-feira, quando um grande grupo de jornalismo postou fitas de áudio e transcrições do que seriam conversas do premiê com uma acompanhante paga.
A nova virada na saga que vem dominando a atenção dos italianos há muitos meses pareceu pôr fim a um descanso breve do escrutínio da mídia sobre sua vida particular, enquanto Berlusconi desfrutava o sucesso da cúpula do G8 deste mês.
Os sites na Internet do jornal La Repubblica e do semanário L'Espresso postaram fitas de conversas que teriam ocorrido entre Berlusconi e Patrizia D'Addario, acompanhante que afirma que elas e outras foram pagas para ir a festas na residência de Berlusconi em Roma.
Berlusconi não nega que D'Addario tenha ido a sua casa, mas disse que não sabia que ela tinha sido paga.
Uma conversa divulgada nos sites se deu entre D'Addario e Giampaolo Tarantini, empresário do sul da Itália que está sendo investigado por magistrados por suspeita de corrupção e favorecimento da prostituição.
D'Addario disse que gravou as conversas com seu celular durante suas visitas à casa do primeiro-ministro em Roma ou quando conversava ao telefone com Berlusconi.
Daniele Capezzone, porta-voz do partido de Berlusconi, descreveu a divulgação das conversas como "patética". O ministro Gianfranco Rotondi disse que a mídia de esquerda quer "intimidar" o governo, recorrendo à "violação de toda ética" do jornalismo.
D'Addario, 42 anos, entregou as fitas aos magistrados que investigam Tarantini.
Berlusconi, cuja imagem já está prejudicada por um divórcio litigioso e relatos sobre suas saídas com garotas menores de idade, no passado tachou as acusações de jornais de "calúnias e falsidades".
Mas o L'Espresso e o La Repubblica, ambos de viés de esquerda e pertencentes da mesma editora, dizem que as fitas comprovam "que o que D'Addario vinha dizendo sobre o primeiro-ministro era verdade".
Os escândalos proporcionaram à oposição uma oportunidade rara de desferir um golpe contra Berlusconi, que domina o cenário político italiano e continua popular, apesar da crise econômica. Ele disse que uma pesquisa recente dá a seu governo um índice de aprovação de 57 por cento.
O escândalo atual em torno da vida privada do premiê acontece quase dois meses depois de a Itália ficar chocada com sua amizade com uma candidata a modelo de 18 anos de idade. Berlusconi negou ter tido relações sexuais com a moça.
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