8 de outubro de 2009

A influência da arquitetura italiana em Gramado(RS)



A cidade começou a ser ocupada em 1875 com a vinda dos primeiro moradores, descendentes de portugueses, alemães e italianos, mas foi a arquitetura italiana que predominou e se destacou na cidade, com a construção das primeiras casas, com o uso de materiais nobres existentes no entorno de cada moradia, porque no início era uma arquitetura que não dependia da industrialização.

Uma arquitetura popular, erguida por mutirões de colonos onde usavam sua espontaneidade e criatividade para elaborar técnicas inteligentes e criativas de construção e de grande beleza com o uso de ornamentos discretos, mas marcantes. Procuravam lugares onde houvessem um terreno com declive acentuado para a construção de porões, esses com espessas paredes de pedra de basalto irregulares ou talhadas.

Além da abundância dessa pedra na região, era escolhida também pela sua durabilidade e condições ideais de umidade e temperatura que oferecia para conservar o vinho, salames e queijos que eram feitos e estocados no porão. O porão também era local para jogar cartas e receber visitas em dias quentes, pois lá era fresquinho. A escada para chegar ao porão normalmente era externa. Os porões costumavam ter piso de terra batida, eram amplos e possuíam pé direito alto.

Haviam muitas construções com essas características na cidade, a própria casa do nosso avô e pai, Eugênio Benetti, onde hoje funciona um restaurante italiano possui um porão assim. Na época era local onde se fazia salame, guardava o vinho, ferramentas e se cortava lenha.

Os colonos usavam ainda a madeira do pinheiro para fazer as vigas, tábuas rachadas e todo o madeiramento decorativo, tudo artesanal, feitos à mão. Inicialmente as paredes eram de taipa (terra) e a cobertura das residências eram cobertas com tabuinhas chamadas de “scándole”, mas em seguida a taipa deu lugar aos tijolos de barro feitos em casa e as tabuinhas deram lugar as telhas de barro. Os pisos eram pavimentados com tijolos e lajotas cerâmicas.

Hoje, a arquitetura italiana já não tem mais tanta influência na arquitetura da região devido a grande quantidade de materiais industrializados e das modernas técnicas construtivas. É difícil conservar essas preciosidades erguidas em terrenos supervalorizados onde mais cedo ou mais tarde irão dar lugar à prédios de concreto.

Apesar de ter sobrado poucos exemplos dessa arquitetura de grande valor e significado para a cidade, aqueles que ainda encontramos, no centro de Gramado, no Bairro Planalto ou mais exemplos na zona rural, contam um pouco da história dos nossos antepassados. É só caminhar e prestar atenção ao seu entorno, agora, sabendo um pouco de como tudo começou é mais fácil olhar essa arquitetura com outros olhos, desfrutando e valorizando esse trabalho enquanto é tempo.

Um comentário:

  1. Esta arquitetura colonial deveria ser preservada como peça histórica importante da ocupação do RS e motor econômico,no setor turístico. A Serra Gaúcha não o será se essa arqquitetura for substituída. Sou nascido no RS e gosto mto da influência europeia na cultura e arquitetura locais. Além do que, é melhor do que a pasteurização q tentam nos impor todos os dias. Vc tem razão: as festas familiares nos porões ou apenas uma soneca são inesquecíveis. Belo artigo.

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